Entrevista: Rosa de Saron

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Se você não é católico praticante ou daqueles que acompanham esse segmento musical, as chances de ter ouvido falar o nome Rosa de Saron são poucas. Isso apesar deles estarem há 20 anos na ativa e mais do que consolidados naquela fatia de mercado.

Em 2008 as duas décadas de estrada foram comemoradas com um luxuoso DVD com direito a orquestrações, convidados e cenário caprichado. O resultado ficou bom e logo se percebeu que o trabalho poderia agradar um público mais amplo, tanto o que consome pop e rock como aquele que gosta de ouvir mensagens positivas de vida mesmo sem seguir o catolicismo ou qualquer outra religião.

Nesse papo o baixista Rogério Feltrin nos conta como foi essa trajetória foi percorrida e da importância de espalhar a sua mensagem para quem puder ouvir. 
Os milhões de acessos que o grupo tem no Vaga-lume e a quantidade de e-mails que pediram essa entrevista, mostra que esses não são poucos.

Apesar dos vinte anos de carreira só agora o Rosa de Saron está se tornando conhecido do público em geral. Então para começar conte um pouco da trajetória de vocês até aqui. A banda sofreu mudanças na formação?

A banda começou em 1988, dentro do movimento de Renovação Carismática da Igreja Católica. Nos juntamos para tocar nos encontros, retiros e eventos da Igreja. Em pouco tempo começamos a fazer nossas próprias músicas e inscrevê-las em festivais. Sempre pegávamos as primeiras colocações, isso foi nos motivando a investir mais seriamente no trabalho autoral e também a divulgar mais a banda.
Complementando, a banda sofreu poucas alterações nesse tempo todo, a mais séria foi a troca de vocalista em 2001.

Nesse tempo nunca houve a vontade de sair do segmento religioso e tentar o mercado pop?

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Posando para a capa do cd e dvd acústico

Nunca pensamos em parar de falar sobre Deus em nossas músicas, se é essa a pergunta. Aliás, nunca deixaremos de falar de Deus porque Ele é a coisa mais importante nas nossas vidas. É algo do qual jamais abriremos mão e acho que nem se quiséssemos conseguiríamos, afinal a arte é sempre reflexo do artista, um retrato do que ele pensa e sente, não tem como expressar nossas opiniões, nossa visão sem que Deus apareça ali. Está na nossa  história.
Mas se for falar de segmento do ponto de vista mercadológico aí é complicado, porque nosso trabalho entra muito forte no mercado não religioso também.

Vocês estão preparados para lidar com a máquina do show business, e também com as críticas que virão junto com a maior exposi&ccedi  l;ão da banda na mídia?

Ninguém nasce pronto, preparado, é algo que vamos ter que aprender a lidar, como tudo na vida. É preciso humildade diante da situação nova. Eu ainda não tenho filhos e sempre me pe  rgunto: "será que vou saber educar?"
Meu baterista que é pai de duas lindas meninas comenta que é um desafio diário, não tem receita, você encara e vai aprendendo conforme surgem as dificuldades. Por outro lado, não se sentir totalmente preparado é uma grande oportunidade que a vida nos dá de colocar a confiança em Deus, de dividir com Ele, de entregar nas mãos dEle. Podemos até nos sentir despreparados, entende? Mas nunca desamparados.

Os arranjos do DVD deixaram as canções mais ou menos homogêneas. Mas nesses 20 anos vocês já devem ter passado por muitas fases. Quais foram e quais são as maiores influências da banda no pop e rock tradicional?

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Guilherme de Sá, vocalista desde 2001

Nunca negamos que temos influências de música secular, principalmente de bandas gringas, mas citar nomes fica impossível por vários motivos: primeiro porque em 20 anos dá tempo de você gostar de muita coisa diferente, dá pra curtir de Turma do Balão Mágico<  /span> até Victor e Léo (risos). Além disso, somos quatro pessoas diferentes e cada um agrega com suas próprias influências. O que dá para dizer é que a gente curte do POP ao Metal, somos ecléticos pra caramba... dentro do rock (risos)

Vocês começaram como uma banda de metal. Fale um pouco sobre essa época. O que o pessoal das comunidades achava da música da banda? E o pessoal quem ouvia vocês nessa época reclama do som mais pop de atualmente?

Éramos mais novos e fazíamos o som que fazia nossa cabeça na época, somos da geração que conheceu o auge do Heavy Metal. Foi importante pra gente, mas chegou um momento que sentimos vontade de experimentar novas sonoridades e nesse sentido o metal te limita porque é um estilo conservador em si mesmo, tradic  ional, não gosta de mudanças. Havia muita rejeição por parte das comunidades sim, críticas que as vezes nos desanimavam, mas eu prefiro lembrar que também recebemos muito apoio, pessoas que verdadeiramente acreditavam na proposta do nosso trabalho. Isso pesou muito mais na balança pra gente, graças a Deus!
Como eu disse até por esse tradicionalismo do público fã de metal, quando a banda pegou um caminho mais pop, houve sim reclamações, é claro. Mas por incrível que pareça, reclamaram muito menos do que esperávamos, tínhamos uma expectativa  muito pior que acabou não se confirmando. Acredito que isso aconteceu porque boa parte de nosso público, antes de ser roqueiro é cristão, então o fundamental é manter a fidelidade à proposta da mensagem muito mais do que ao estilo musical.

">Nessa época vocês chegaram a fazer shows com bandas de metal do, digamos, "capeta"? Se sim vocês devem ter histórias legais pra contar né?

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Após duas décadas de carreira, o Rosa de Saron agora almeja o mercado pop

Chegamos sim (risos)... Graças a Deus nunca tivemos problemas sérios, rolava as vezes umas ironias com relação a Deus, Igreja, etc., às vezes umas provocações, umas indiretas no palco, nada muito agressivo. Mas a gente sempre fez um trabalho bem feitinho, então de certa forma essas bandas nos respeitavam, admiravam nosso som, podemos dizer assim: "a gente tinha moral" (risos) . Isso ajudava a ninguém "tirar onda" gratuitamente com nossa cara e com nossa fé.

Outra coisa que nos perguntam bastante é o significado do nome Rosa de Saron

Rosa de Saron é uma belissima figura de linguagem. O termo é tirado do livro de Cântico dos Cânticos, do Antigo Testamento.
Saron é uma região desértica da Palestina, logo uma flor que nasce no deserto simboliza a vida que vence a morte, a esperança e a força que superam as adversidades.
Escolhemos esse nome porque essa sempre foi exatamente a proposta da banda: ser sinal de vida e esperança em situações onde elas se perderam.

Os shows de vocês provavelmente serão vistos agora por pessoas de outras religiões ou mesmo sem religião alguma. Existe uma preocupação da banda para que esse público não se sinta muito peixe fora d'água no show? No dvd nota-se que a plateia ali curte não só a música mas principalmente as mensagens das letras, algo que não é certo de acontecer quando se toca para um público mais amplo.

eft">Independente se a pessoa tem religião ou não, de que religião ela pertença, ela não se sente um peixe fora d'agua no show porque nós não falamos de religião ali, nós falamos de Deus.
Deus é uma força da qual todo ser humano sente necessidade de se aproximar, mesmo que não reconheça isso. Essa sede é comum a todo ser humano, independente do nome que a pessoa dá a esse vazio.
Tem pessoas que vão pela mensagem, que querem ouvir algo que traga conforto para suas vidas, outras vão só por causa do som, pra ouvir música ou se divertir, mas mesmo essas não se sentem em outro planeta no show do Rosa de Saron, muito pelo contrário! As pessoas se sentem bem por poder estar ali, ouvindo musica bacana recheada de mensagens de fé, amor e esperança. Ouvem sobre Deus sem se sentirem coagidas, desconfortaveis. É muito legal!

O que vocês acham de bandas como o Catedral. Dá pra traçar um paralelo entre vocês dois? E do Rodox, vocês gostavam? Aliás existe algum intercâmbio entre os grupos católicos e os evangélicos ou pro testantes?

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Bom, eu gosto muito do trabalho do Catedral, embora só conheça essa fase que as pessoas acusam de "secular". Não sei como era antes, mas vejo muita espiritualidade no trabalho dos caras. As pessoas dizem que eles tentaram fazer com que o público não visse mais o trabalho deles como "gospel". Se for isso mesmo, respeito a opção artistica da banda, não vejo como uma coisa "do mal", mas acho então que eles cometeram um erro estratégico. Seria mais facil montar outra banda com outro nome do que mudar a postura de uma banda que se consolidou com uma proposta de música cristã. Nesse caso, não há paralelo nenhum entre Rosa de Saron e Catedral, estamos conseguindo atingir um público não religioso sim, como se diz, do  "segmento pop", mas isso sem mudar em nada a proposta da banda.
O Rodox já é diferente, surgiu no mercado pop mas chegou com força no segmento cristão, meio que o caminho contrário da gente, mas também muito legal porque a mensagem dos caras é totalmente cristã, também tem essa capacidade de levar a gente a pensar na vida, de pensar em Deus, se abrir para Ele.

Quais são os planos do Rosa de Saron para esse ano?

Por enquanto tocar muito, divulgar nosso trabalho, expandir nossa mensagem. Durante 2009 iremos ainda trabalhar em cima do DVD Rosa de Saron Acústico e Ao Vivo porque só agora muitas pessoas estão tendo acesso a ele, estão descobrindo esse trabalho. Queremos aproveitar essa oportunidade de divulgação e fazer nossas canções chegarem onde nunca haviam chegado antes. Inspirar as pessoas com elas, emocioná-las, tocar seus corações. Parece ambicioso, né? Mas a gente acredita.

Para encerrar vamos falar um pouco sobre as música de vocês mais popualres entre os internautas que visitam a página de vocês aqui no Vaga-lume:

Sem Você: Essa é uma grande declaração de amor a Deus em forma de música, mas muita gente tem usado de forma mais romantica e dá nossa parte não vemos problema nenhum nisso.

Apenas Uma Canção De Amor: Uma música romântica que muita gente tem usado como uma grande declaração de amor a Deus em forma de música. Também não vemos problema nenhum! (risos)

Do Alto Da Pedra: Uma música que fala sobre entrega, confiança, se jogar por inteiro. Surgiu num momento dificil da banda, onde não havia muitas perspectivas e havia muitas dúvidas. Essa música é uma oração de uma pessoa que reconhece que Deus é tudo para ela.

Rara Calma: Escrevemos para expressar o nosso sentimento de estarmos juntos, unidos, após 20 anos e tantos altos e baixos, ela é uma das duas músicas inédias do DVD. Rara Calma tornou-se uma especie de hino de todos aqueles que permanecem unidos em torno do mesmo ideal que é Deus. Bandas, comunidades, amigos, pessoas que por um instante olham para trás, veêm tudo o que superaram e cantam: "ainda estamos juntos aqui". É uma forma de se alegrar, ser grato, celebrar, demonstrar superação.

Amor Sincero: Fala da busca de todo homem e mulher sempre à procura de ser amado de verdade, de um amor verdadeiro, honesto, sincero que dê sentido e razão para a vida. Um amor que, acredito com toda convicção, Deus tem por nós.